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Foto do escritorFrederico Braga

Como não esquecer o que acabei de aprender?



Qual é o sentido de ler todos esses livros se você vai esquecer a maioria em poucas horas?


Esses dias me peguei fazendo as seguintes perguntas. O que li na última semana? O que li nos últimos dias? Ou até, das inúmeras ideias que entrei em contato hoje, quais consigo me lembrar?


Como posso saber o que vai para a minha memória e o que é descartado? Leio o maior número possível de livros, mas, às vezes, mal posso contar a idéia / trama principal de alguns livros que “acabei de acabar”.


Isso não é de agora. Muitas vezes, quando estava na escola, lia o conteúdo para fazer uma prova e me esquecia dele assim que acabava o teste.


Esses dias fiquei sabendo da curva do esquecimento do psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus - um conceito que supõe o declínio da retenção de memória no tempo.



A curva do esquecimento é mais acentuada durante o primeiro dia.


Portanto, se você não revisar o que aprendeu, é provável que esqueça a maior parte do material e sua memória continuará a diminuir nos dias seguintes. O que vai restar é apenas um pedaço da informação.


A internet afetou nossa memória.


Não temos mais tempo de revisar e nem aprofundar nada. A memória sempre foi memória e ela sempre funcionou assim, mas a forma de consumirmos informação mudou. Agora as pessoas consomem informações e entretenimento em grande quantidade.


A quantidade de mídia disponível nos torna consumidores compulsivos.


A Netflix funciona como um Buffett “pague e coma tudo o que conseguir”. Somos encorajados a comer o máximo que pudermos, mesmo quando nosso cinto ameaça explodir devido ao consumo excessivo. Você já ficou em casa em uma noite de sábado e assistiu a uma temporada inteira de seu programa favorito? Você seria capaz de lembrar a história de cada episódio? Você seria capaz de se lembrar do conflito e da resolução?


É verdade que as pessoas geralmente colocam mais em seus cérebros do que elas podem suportar.


E para suportar, eles esquecem das coisas de curto prazo. Pesquisadores da Universidade de Melbourne descobriram que aqueles que assistiam a muitos programas de TV esqueciam o conteúdo muito mais rapidamente do que as pessoas que assistiam a um episódio por semana. Eles também relataram gostar do programa menos do que as pessoas que assistiram uma vez por dia ou semanalmente.


O que mudou também é que gravar coisas na memória é desnecessário.


O importante é saber como acessar essas informações. Eu não preciso mais decorar o telefone da minha mãe, da minha tia, do meu pai, basta saber como acessar essas informações no telefone. O mesmo vale para endereços, palavras, frases, roteiros de filmes e tudo o mais.


Outro “problema” é que o aprendizado imediato está se tornando cada vez mais popular.


Cursos on-line, sobre tudo, estão pipocando por ai. Hoje é mais eficiente acessar informações necessárias imediatamente, em vez de armazena-las para que possam ser úteis no futuro. O conhecimento profundo não é mais valorizado - informações superficiais, rápidas e práticas são mais eficazes na realização do trabalho.


Existe o transtorno da leitura compulsiva.


Lemos mais, porém lemos na internet apenas para obter informações ou para nos divertir. Não se trata de aprender nada. Trata-se de obter uma experiência momentânea para sentir como se você tivesse aprendido alguma coisa. Na verdade, não estamos lendo para aprender. Apenas sentimos que estamos aprendendo algo lendo e reconhecendo as palavras na tela. A informação ainda não é conhecimento, mas somos enganados ao acreditar que ela foi transferida para o nosso cérebro e permanecerá lá para sempre.


Então, como mantemos as coisas que aprendemos?


Você precisa ter tempo para digerir as coisas que aprendeu.


Se você quiser se lembrar das coisas que assiste e lê, você precisa de espaça-las. Se você lê um livro de uma só vez - digamos, em um avião -, você está apenas mantendo a história em sua memória de curto prazo. Você não vai conseguir guardar aquelas informações de verdade. É preciso continuar revisando as informações que deseja manter com você.


Percebi que quando escrevo sobre algum livro para fazer um vídeo ou se leio mais sobre o mesmo assunto consigo recuperar as informações mais facilmente do que se tentasse lembrar algo que aprendi uma vez em um livro ou artigo em algum lugar.

Se você estiver estudando para um teste ou tentando aprender um conceito complexo, volte para a mesma informação. Toda vez que você revisita o assunto que está tentando aprender, mais reforça a ideia em sua memória de longo prazo.


Quando for estudar, reserve alguns momentos para tentar explicar para você mesmo os conceitos, sem olhar o material do estudo. Se você se sentir preso, leia o conceito novamente e tente se lembrar depois de algumas horas.


Quanto mais você pratica isso, maior a probabilidade de reter e recordar no futuro.


Quando lemos livros, não estamos ativamente envolvidos com o conteúdo. Nossos olhos estão deslizando sobre as palavras e dedicamos a maior parte do tempo e energia para reconhecer o que está sendo dito.


Depois de ler o livro, de repente você deseja que esse conhecimento esteja disponível em um formato recuperável. Você deseja ser capaz de, em uma conversa com um colega de trabalho, fazer uma pergunta em um exame ou durante uma decisão que precisa tomar, reunir as informações que anteriormente praticava apenas para reconhecê-las.


Existe uma solução: O método das perguntas.


Sempre que você estiver lendo algo que deseja lembrar, faça anotações. Contudo, não faça anotações que sintetizem os pontos que você deseja recordar. Em vez disso, faça anotações em formato de perguntas.


Então, quando você estiver lendo um livro, faça um teste rápido nas perguntas que gerou nos capítulos anteriores. Fazer isso fortalecerá sua memória recuperável, para que as informações sejam muito mais fáceis de acessar quando você precisar.


Em vez de fazer anotações ou reformular as palavras do autor em suas próprias palavras, faça a si mesmo perguntas que ajudarão você a recuperar informações.


Ao final de cada capítulo, você pode fazer a si mesmo uma pergunta que resumiria a idéia principal ou os conceitos importantes que você deseja lembrar.


Existem algumas dicas úteis para tornar esse exercício o mais prático possível.


Algumas pessoas tentarão se testar demais e testar cada pequeno pedaço de conhecimento do livro. Isso tornará a leitura uma tarefa árdua e acabará desencorajando o leitor a continuar usando o método.


Então primeiro - não exagere.


Tentar recordar todos os fatos possíveis de um livro tornará o processo de leitura tão entediante que poderá acabar com seu amor pela leitura. Uma pergunta por capítulo é provavelmente mais do que suficiente para a maioria dos livros. Para livros populares, uma dúzia de perguntas provavelmente será suficiente para captar os grandes pontos e a tese principal.


Segundo - coloque os números das páginas que fazem referência à resposta.


Se você esquecer um ponto, poderá verificar. Saber que a resposta para um grande ponto está na página 36 salvará sua sanidade mais tarde.


Terceiro, simplifique a tecnologia.


Para livros em papel, eu recomendo um cartão, pois você provavelmente pode ajustar todas as perguntas nas costas e na frente. Além disso, o cartão de índice também funciona como marcador, para que você não precise procurar suas anotações mais tarde. Se você usa o Kindle, faça suas anotações como perguntas já nas páginas do livro.


Como exercício, por que você não faz algumas perguntas sobre este artigo e tente respondê-las mais tarde?


Como posso me lembrar mais do que aprendi?


Como a compulsão pelo consumo de informações afeta minha capacidade de lembrar?


Como a Internet afetou nossa maneira de aprender e reter informações?


É isso!


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