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ANTIFRÁGIL: Coisas que se beneficiam com o caos por Nassim Nicholas Taleb.

Atualizado: 20 de dez. de 2019



Acredito que o indivíduo pode ser um intelectual sem ser nerd, desde que possua uma biblioteca particular em vez de uma sala de aula, e passe o tempo como um flanador sem rumo (porém racional), beneficiando-se do que a aleatoriedade é capaz de lhe dar, dentro e fora da biblioteca.



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Vamos começar do começo. Quem é Nassim Nicholas Taleb?


Nassim Nicholas Taleb (Amioun, 1960) é um autor, ensaísta, estatístico, e analista de riscos líbano-americano, matemático de formação. (Wikipedia)

O cara ser matemático e estatístico explica muita coisa.  O livro Antifrágil é uma montanha, grande e difícil de subir, mas, quando se está lá em cima, você consegue ter uma visão melhor das coisas. O que ele tenta passar no livro é um novo conceito chamado de ANTIFRÁGIL. Não é um conceito simples de ser explicado, mas, como diz o autor, já está presente em nosso entendimento há muitos anos.


O livro é dividido em 7 livros. Como o autor mesmo fala no prólogo, eles não precisam de uma ordem certa para serem lidos.


O que é ANTIFRÁGIL? 

"A antifragilidade é a combinação da agressividade com a paranoia. Elimine suas desvantagens, proteja-se contra os danos extremos e deixe as vantagens, os Cisnes Negros positivos, cuidarem de si mesmas." (fecha aspas)

Antifrágil é uma definição que está entre o frágil e o robusto. Frágil é algo que se quebra com a perturbação. Robusto é algo que resiste à perturbação. Contudo, ambos não são ideais. O frágil e o robusto não suportam a mudança. O frágil quebrando e o robusto resistindo. Dentro do robusto também está o conceito de resiliente, aquele que "enverga, mas não quebra". Também não é bom. Então o que é bom? O bom é o ANTIFRÁGIL. Algo que se beneficia da mudança. 


Tá, mas qual um exemplo de antifragilidade? A Natureza. Não só a natureza entendida como plantas e animais, mas o nosso corpo também. Por exemplo, quando você vai treinar. Você submete seu corpo a uma alteração externa. Você faz força, dança, se move e isso altera fibras musculares, tendões e ossos. Mas o corpo se regenera e fica mais forte. Então ele é beneficiado com a mudança. A natureza como um todo possui essa lógica. Que não é uma lógica humana de "cima para baixo" como diz o autor, ou seja, uma lógica que vem da razão para a natureza, mas uma lógica biológica. BIO - LÓGICA, a lógica da vida, essa é antifrágil. A evolução, por pequenos ajustamentos, faz as coisas serem antifrágeis.

E parece que nós ou temos medo da natureza, ou achamos que a razão humana é melhor.


Você já reparou que nos filmes é sempre o homem, tecnológico, brigando contra a natureza, misteriosa e biológica? É justo isso, a nossa intenção de colocar o conhecimento racional humano sobre a não-lógica da natureza, que o autor vai de encontro.

Nassim diz que temos que prestar uma atenção maior à antifragilidade presente em praticamente todos os lugares e deixar de lado um pouco a lógica humana de que tudo pode ser consertado através da razão. Porque a antifragilidade requer TEMPO. Ou seja, o tempo é um fator fundamental para a evolução em qualquer lugar. O tempo é a folha em branco que a antifragilidade vai ser pintada. O tempo é a grande borracha de tudo, deixando apenas as coisas realmente antifrágeis. O que for frágil vai ser quebrado com o tempo e o que for robusto vai perecer pela inabilidade de se adapatar. Apenas o que vai sobreviver será aquilo que melhorar com as mudanças propostas no tempo. Apenas aquilo que evoluir.

Mas o livro é só para falar isso? Não... não mesmo. É um livro muito grande que traz uma série de definições interessantes. Por exemplo, uma que me tocou muito foi sua argumentação em relação ao conhecimento.


Aqui no canal sempre falo para irmos em busca do conhecimento. Contudo, o autor fala muito sobre esse tal de "conhecimento". Ele não coloca todas suas fichas no conhecimento estabelecido pela humanidade, principalmente no conhecimento gerado dentro das Academias de ciência, que ele fica chamando de UTOPISTAS SOVIÉTICOS DE HARVARD. Ele diz que muitas vezes os geradores de conhecimento estão desconectados do mundo real. Existe um grande conhecimento empírico, que você aprende na prática, no mundo, que ninguém ensina e que não pode ser lido. E ele tem razão. Viajar é algo que não pode ser aprendido. Quando você viaja à Índia sua experiência pessoal não poderá nunca ser lida em um livro sobre uma viagem para a Índia. O mundo sempre foi o grande gerador de conhecimento e a lógica ainda é essa. Então vemos estudos de algumas faculdades e parece que eles falam algo e depois é aplicado ao mundo. Mas é o contrário. O mundo diz algo e os estudiosos entendem e escrevem sobre. O conhecimento não está desconectado da realidade. 


Então queridos amigos, algumas vezes é importante fechar o livro e viajar. Ver novas coisas, aprender com o mundo e deixar a biológica nos ensinar.

O autor ressalta inúmeras vezes que é impossível prever o futuro. Nenhuma, ele fala bem, nenhuma pessoa que diz prever algo, realmente prevê algo. Nem mesmo um algoritmo ou uma fórmula matemática. Isso porque você faz qualquer previsão baseado no passado, mas as CISNES NEGROS são algo que nunca ocorreram antes. E como prever algo que nunca ocorreu? É impossível. Então qual a solução? Mais uma vez, tornar-se antifrágil para que possamos nos beneficiar com esses acontecimentos imprevistos e inesperados.

A noção de "equilíbrio" do autor também é muito interessante. Você deve buscar o equilíbrio justamente desequilibrando mais as coisas. Por exemplo, ao invés de você arriscar mais em algo que é seguro e ficar mais seguro em algo arriscado, o equilíbrio ideal é você ficar mais seguro em algo que é certo e arriscar mais em algo que já é arriscado.

A partir do livro IV os capítulos começam a ficar mais técnicos e difíceis. Inclusive o próprio autor recomenda que se pulem alguns parágrafos se o leitor não for tão chegado ao tema. 

Ele traz o conceito de OPÇÃO como um agente da antifragilidade. Uma boa opção é a arma da antifragilidade. E uma boa opção é você deixar sempre uma abertura para uma escolha, sendo que a escolha deve trazer mais vantagens do que desvantagens. Se um indivíduo beneficia-se mais quando está certo do que se prejudica quando está errado, então se beneficiará, a longo prazo, da volatilidade. Ele vai querer a volatilidade. 


Mas isso é muito difícil, a meu ver, de se entender na prática. Um exemplo que ele dá é de um cara na Grécia antiga que fazia fortuna alugando prensas de azeite. Ele alugava todas as prensas de azeite quando ainda ninguém as queria. E contava com a "sorte" ou o destino. Se a safra fosse muito boa, ele poderia sublocar as prensas por um valor melhor. Se não fosse tão boa assim, teria um pouco de lucro e se fosse ruim, teria prejuízo, porém pouco.

O lance é que as vantagens eram muito superiores às desvantagens e ele poderia fazer a opção do momento de alugar, do preço a ser cobrado e se alugaria todas ou não.

É aí que ele fala que você não pode ser racional o tempo todo. Porque a racionalidade analisa previamente o cenário e pode transformar a tentativa e erro, algo fundamental para a evolução, em um modelo que não funciona. Contudo a racionalidade é importante para não transformar a tentativa e erro em algo completamente aleatório. Nas palavras do autor

"Se alguém está procurando, sob um modelo de tentativa e erro, a carteira que desapareceu na sala de estar, a racionalidade será exercida evitando-se procurar no mesmo lugar duas vezes. Em muitas atividades de busca, cada tentativa e cada insucesso fornecem informações adicionais, cada uma mais valiosa do que a anterior seja descobrindo o que não funciona, ou o local onde a carteira não está."


O que precisamos ter para desenvolver a inteligência da antifragilidade? Aqui ele traz o pensador Sêneca, um estoico que já fizemos vídeo aqui no canal, a quem ele chama de MESTRE DE TODOS, para definir o que é o Destino. Para Sêneca, o destino é um Deus que possui três atributos: a força de Baco, que podemos entender como o acaso, o caos, os cisnes negros; a força de hércules, aqui entendida como a força imperativa dos acontecimentos e a razão de Mercúrio que é a ciência.


Então para você trabalhar com a antifragilidade, você deve levar em conta essas esferas: o acaso, algo que você não controla, a força das ações e dos acontecimentos e a razão. Não se pode deixar nenhuma deles ser imperadora, mas sim o balanço entre suas esferas.

Difícil né?


A primeira parte da análise do livro ANTIFRÁGIL vai ficando por aqui. A segunda parte será uma aplicação mais prática em nossa realidade da Antifragilidade. Também no segundo texto farei algumas críticas ao livro.


Deixo vocês com alguns trechos do livro sublinhados por mim.


E quase sempre conseguiremos detectar a antifragilidade (e a fragilidade) usando um teste simples de assimetria: tudo o que surgir a partir de eventos aleatórios (ou de certos impactos) e que apresentar mais vantagens do que desvantagens será antifrágil; o inverso será frágil.

Chega-se à pseudo-ordem quando se busca a ordem; só se consegue alguma ordem e controle quando se aceita a aleatoriedade.

Se você testemunhar uma fraude e não denunciá-la, você é uma fraude.

Comprometer-se é compactuar. O único dito moderno que sigo é um de George Santayana: Um homem é moralmente livre quando [...] julga o mundo, e julga outros homens, com uma sinceridade intransigente. Isso não é apenas um objetivo, mas uma obrigação.

No entanto, apesar da visibilidade das contraprovas, e da sabedoria que você pode adquirir gratuitamente com os antigos (ou das avós), os modernos tentam, hoje, criar invenções a partir de situações de conforto, de segurança e de previsibilidade, em vez de aceitar a noção de que a “necessidade é realmente a mãe da invenção”.

“Isso nunca aconteceu antes”. Bem, a natureza, ao contrário do fragilista Greenspan, se prepara para o que ainda não aconteceu, assumindo que um mal pior é possível.

Então, termino a seção com um pensamento. É bastante desconcertante que aqueles de quem mais nos beneficiamos não sejam os que tentaram nos ajudar (digamos, com um “conselho”), mas, sim, aqueles que tentaram ativamente apesar de falharem nos prejudicar.

Por fim, um ambiente com variabilidade (e, portanto, com aleatoriedade) não nos expõe a lesões por estresse crônico, ao contrário do que acontece com os sistemas concebidos pelo homem. Se você andar sobre um terreno irregular, que não tenha sido construído pelo homem, dois passos jamais serão idênticos compare isso com a máquina da academia de ginástica sem aleatoriedade, oferecendo exatamente o oposto: forçando-o a fazer repetições infinitas do mesmo movimento. Grande parte da vida moderna é composta por lesões por estresse crônico evitáveis.

os organismos precisam morrer para que a natureza seja antifrágil a natureza é oportunista, cruel e egoísta.

Além disso, para um trabalhador autônomo, um pequeno erro (não terminal) é informação, uma informação valiosa, que o orienta em sua abordagem adaptativa; para alguém empregado como John, um erro é algo que entra em seu registro permanente, arquivado no departamento pessoal.

Minha definição de modernidade é a dominação em larga escala do meio ambiente, a suavização sistemática das arestas do mundo e a supressão da volatilidade e dos agentes estressores. Modernidade corresponde à extração sistemática dos seres humanos de sua ecologia, essencialmente aleatória física e social, até mesmo epistemológica. A modernidade não é apenas o período histórico pós-medieval, pós-agrário e pós-feudal, tal como definido nos livros didáticos de sociologia. É um pouco o espírito de uma época marcada pela racionalização (o racionalismo ingênuo), a ideia de que a sociedade é compreensível e, portanto, deve ser planejada por seres humanos. Com ele, nasceu a teoria estatística e, assim, a bestial curva de sino. O mesmo aconteceu com a ciência linear. E, do mesmo modo, com a noção de “eficiência” ou otimização.

Usando meu raciocínio ecológico, uma pessoa que posterga não é irracional; o ambiente é que é irracional. E o psicólogo ou o economista que a considera irracional é aquele que está além do irracional. Na verdade, nós, seres humanos, somos muito ruins ao filtrar informações, principalmente as de curto prazo, e a procrastinação pode ser uma maneira de filtrar melhor, de resistir às consequências de ignorar as informações, como discutiremos a seguir.

E não é apenas o Sr. Kato: nosso desempenho em calcular acontecimentos raros e significativos na política e na economia não está próximo de zero; ele é zero .

(i) Uma vez que detectar a (anti)fragilidade ou, na verdade, sentir seu cheiro, como Tony Gorducho nos mostrará nos próximos capítulos é infinitamente mais fácil do que prever e compreender a dinâmica dos eventos. Toda a missão resume-se a um ponto-chave, o que fazer para minimizar os danos (e maximizar os ganhos) dos erros de prognóstico, isto é, fazer com que as coisas que não se deteriorem, ou, até mesmo, se beneficiem, quando cometermos um erro.

(ii) Por enquanto, não queremos mudar o mundo (deixemos isso para os utopistas soviéticos de Harvard e outros fragilistas); devemos, primeiro, tornar as coisas mais robustas a deficiências e erros de prognóstico ou, até mesmo, explorar esses erros, convertendo os limões em limonada.

(iii) Quanto à limonada, a história parece nos dizer que ela obterá êxito em qualquer circunstância; a antifragilidade é, necessariamente, o modo como as coisas seguem adiante sob o beneplácito da mãe de todos os agentes estressores, chamada tempo.

No Prólogo, mencionei que a aleatoriedade no domínio do Cisne Negro é irremediável. Repetirei isso até ficar rouco. O limite é matemático, ponto final, e não há maneira de contornar isso neste planeta.

Nossa sofisticação nos coloca, continuamente, à frente de nós mesmos, criando coisas que somos cada vez menos capazes de compreender.

É difícil manter uma boa disciplina de anulação mental quando tudo está correndo bem, mas estes são os momentos em que a disciplina se faz ainda mais necessária.

Uma vida inteligente compreende tal postura emocional destinada a eliminar o golpe dos danos, que, como vimos, é alcançada pela anulação mental dos bens materiais, de modo a não se sofrer com as perdas. A volatilidade do mundo já não nos afeta negativamente.

Visto dessa maneira, o estoicismo está relacionado à domesticação, mas não necessariamente à eliminação das emoções. Não se trata de transformar os seres humanos em vegetais. Minha ideia do moderno sábio estoico é alguém que transforma medo em prudência, sofrimento em informação, erros em iniciação e desejo em comprometimento.

Portanto, o trabalho deste autor é estabelecer a ligação entre os quatro elementos e a assimetria fundamental, da seguinte forma: A fragilidade implica ter mais a perder do que a ganhar, que é igual a mais desvantagens do que vantagens, que é igual à assimetria (desfavorável) e A antifragilidade implica ter mais a ganhar do que a perder, que é igual a mais vantagens do que desvantagens, que é igual à assimetria (favorável).

Minimizar a fragilidade não é uma opção, mas uma exigência. Pode parecer óbvio, mas a questão parece ser negligenciada. Pois a fragilidade é muito penosa, tal como uma doença terminal. Quando condições adversas provocam o rompimento de um pacote, ele não retorna ao estágio anterior, mesmo que as condições apropriadas sejam restauradas. A fragilidade tem uma propriedade que se assemelha à da reação em cadeia, que é a irreversibilidade do dano.

Em outras palavras, se algo é frágil, o risco de rompimento torna insignificante qualquer coisa que se possa fazer para melhorá-lo ou torná-lo “eficiente”, a menos que, primeiro, aquele risco de rompimento seja reduzido. Como escreveu Públio Siro, não há nada que se possa fazer com pressa e prudência ao mesmo tempo quase nada.

Pois a antifragilidade é a combinação da agressividade com a paranoia elimine suas desvantagens, proteja-se contra os danos extremos e deixe as vantagens, os Cisnes Negros positivos, cuidarem de si mesmas.

É possível encontrar ideias semelhantes no folclore: a mesma explicação está em um provérbio iídiche que diz: “Prepare-se para o pior; o melhor cuida de si mesmo.”

E é preciso ser racional para não transformar a tentativa e erro em algo completamente aleatório. Se alguém está procurando, sob um modelo de tentativa e erro, a carteira que desapareceu na sala de estar, a racionalidade será exercida evitando-se procurar no mesmo lugar duas vezes. Em muitas atividades de busca, cada tentativa e cada insucesso fornecem informações adicionais, cada uma mais valiosa do que a anterior seja descobrindo o que não funciona, ou o local onde a carteira não está.

evolução não depende de discursos; os seres humanos sim. A evolução não precisa de uma palavra para a cor azul.

Assim, constatei na prática o “menos é mais”: quanto mais estudos, menos óbvias tornam-se as coisas elementares, porém fundamentais; a atividade prática, por outro lado, reduz as coisas ao modelo mais simples possível.

Os profissionais com experiência prática não escrevem; eles fazem. Os pássaros voam e aqueles que lhes ministram palestras são os que escrevem sua história. Por isso, é fácil perceber que, na verdade, a história é escrita pelos perdedores que têm tempo para isso e uma posição acadêmica privilegiada.

existem dois domínios: o lúdico, que está configurado como um jogo, com suas regras estipuladas antecipadamente e de forma explícita, e o ecológico, no qual não conhecemos as regras e não podemos isolar as variáveis, como na vida real.

Mas eu lia vorazmente, volumes inteiros, inicialmente na área de humanas; mais tarde, em matemática e ciências; e, agora, em história digamos, fora do âmbito dos currículos, longe dos aparelhos das academias de ginástica. Descobri que qualquer coisa que eu mesmo selecionasse seria lida com mais profundidade e amplitude pois isso atendia à minha curiosidade.

O segredo é ficar entediado com um livro específico, e não com o ato da leitura. Assim, o número de páginas assimiladas poderá aumentar mais rapidamente do que no sentido inverso. E, por assim dizer, encontramos o ouro sem nenhum esforço, do mesmo modo que na pesquisa racional, porém não dirigida, baseada em tentativa e erro. Funciona exatamente como as opções e a tentativa e erro, sem se deixar aprisionar, bifurcar quando necessário, mas mantendo um sentido de ampla liberdade e oportunismo. A tentativa e erro é a liberdade.

Na verdade, o mais grave erro cometido na vida é confundir o ininteligível com o incompreensível similar à confusão entre ausência de evidências e evidências de ausência.

“Aquilo que não é inteligível para mim não é, necessariamente, incompreensível.” Talvez esta seja a frase mais potente de todas no século de Nietzsche.

Ele revela questões que podemos selecionar em algum momento, uma vez que existe a opcionalidade. Em outras palavras, o dionisíaco pode ser a fonte do ajuste estocástico, enquanto o apolíneo pode ser parte da racionalidade no processo seletivo. Deixem-me colocar o mestre de todos, Sêneca, nesse panorama. Ele também faz referência aos atributos dionisíaco e apolíneo. Ao que parece, ele apresentou, em um de seus escritos, uma versão mais rica de nossas inclinações humanas. Ao falar sobre um Deus (a quem ele também chama de “destino”, equiparando-o à interação de causas), ele lhe imputa três manifestações. A primeira é o “Pai Liber”, a força de Baco (ou seja, o Dionísio a quem Nietzsche se referia), que dá um poder seminal para a continuação da vida; a segunda, Hércules, que encarna a força; e a terceira, Mercúrio, que representava (para os contemporâneos de Sêneca) o artesanato, a ciência e a razão (o que, para Nietzsche, parecia ser o apolíneo). Mais completo do que o pensamento de Nietzsche, o de Sêneca incluiu a força como uma dimensão extra.

Porque a aprendizagem estruturada aprecia o empobrecimento e a simplificação do racionalismo ingênuo, fácil de ensinar, e não a textura rica do empirismo, e, como falei, aqueles que atacavam o pensamento acadêmico não tinham muita representação (algo que, como veremos, é nitidamente observável na história da medicina).

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